50 frases de Carlos Drummond de Andrade que vão poetizar a sua vida

Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? Amar e esquecer, amar e malamar. Amar, desamar, amar?

No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho. Tinha uma pedra, no meio do caminho tinha uma pedra.

A ideia da perfeição constitui uma imperfeição humana.

O amor bate na porta. O amor bate na porta. Fui abrir e me constipei.

E sempre no meu sempre a mesma ausência.

Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca, às vezes sara amanhã.

Meu verso é minha cachaça. Todo mundo tem sua cachaça.

Há muitas razões para duvidar e uma só para crer.

A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas.

Bater à porta errada costuma resultar em descoberta.

Meu Deus, por que me abandonaste! Se sabias que eu não era Deus, se sabias que eu era fraco.

Eu não devia te dizer, mas essa lua, mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo.

Até a cor do arrependimento desbota com o tempo.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.

E o amor sempre nessa toada: briga perdoa briga perdoa.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda.

Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.

Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.

Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar.

Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.

Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força jamais o resgata.

Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.

A solidão gera inúmeros companheiros em nós mesmos.

Vamos, não chores. A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu.

Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.

Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.

Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.

Temos também saudades do que não existiu, e dói bastante.

Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores.

Amar se aprende amando.

Os que amam sem amor não terão o reino dos céus.

Não se deve xingar a vida, a gente vive, depois esquece.

Porque sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que as pessoas me enxergam.

Tempo disso, tempo daquilo; falta o tempo de nada.

Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.

Não preciso de dez mandamentos para viver, me basta só um: não interferir na vida dos outros.

Por que Deus permite que as mães vão-se embora?

E resta, perdida no ar, por que melhor se conserve, uma particular tristeza, a imprimir seu selo nas nuvens.

A liberdade é defendida com discursos e atacada com metralhadoras.

Não basta sentir a chegada dos dias lindos. É necessário proclamar: os dias ficaram lindos!

O cofre do banco contém apenas dinheiro; frustra-se quem pensar que lá encontrará riqueza

E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.

A boca beijada não guarda a marca do êxtase; ele fica na boca de quem a beijou.

Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.

Enquanto no mundo tem gente pensando que sabe muito, eu apenas sinto. Muito.

Cultivamos nossas dúvidas como rosas do jardim que não possuímos.

Tenho palavras em mim buscando canal, são roucas e duras, irritadas, enérgicas, comprimidas a tanto tempo, perderam o sentido, apenas querem explodir.

Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.

São mitos de calendário, tanto o ontem como o agora, e o teu aniversário é um nascer a toda hora.

Há um certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer.